Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Natal é tempo de gratidão a Deus


Natal é tempo de paz, de graça e de alegria, e, principalmente, de gratidão a Deus por ter nos enviado, por meio de Maria, seu Filho, para ser o nosso Redentor.

Esta é a causa e a fonte da verdadeira alegria para nós no Natal: a plena convicção de que Deus nos ama infinitamente, a ponto de, pelo mistério da encarnação, assumir a condição humana e tornar-se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, exceto no pecado.

Este gesto de amor atinge seu ápice quando Jesus aceita, livremente, morrer na cruz por nós. Jesus venceu a morte com a própria morte e ao ressuscitar concedeu-nos a salvação e nos conferiu a dignidade de sermos chamados filhos de Deus. “E a razão pela qual o Verbo de Deus se fez homem foi para que o homem ao entrar em comunhão com o Verbo e ao receber, assim, a filiação divina, se convertesse em filho de Deus. Porque o Filho de Deus se fez homem para nos fazer Deus” (CIC 460).

Jesus veio ao mundo para nos revelar que “Deus é amor”. Ele é justiça, misericórdia e bondade infinita. É esse mistério do amor e da bondade de Deus, manifestado em Nosso Senhor Jesus Cristo, que celebramos no Natal. Se acreditamos, de fato, no verdadeiro sentido do Natal, devemos reafirmar nossa fé e renovar o compromisso, assumido em nosso batismo, de ser discípulo e missionário de Jesus Cristo e de trabalhar pela construção de um mundo mais justo, humano e fraterno. Nós, cristãos, em meio a uma sociedade de consumo e num mundo, muitas vezes, insensível aos valores religiosos, devemos testemunhar que Natal sem Jesus não é verdadeiro Natal.

Alegremo-nos e demos graças a Deus: “Eu vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2,10).

Bento XVI convida cristãos a serem testemunhas convictas e corajosas



Ao meio-dia desta quarta-feira, Bento XVI assomou à janela de seus aposentos – que dá para a Praça São Pedro – para a oração do Angelus.
A exemplo de Santo Estevão, "dar um testemunho convicto e corajoso": foi o convite do Pontífice, na oração mariana, a todos os cristãos.
"Primeiro mártir", "homem cheio de graça", o diácono Santo Estevão "operou, falou e morreu animado pelo Espírito Santo, testemunhando o amor de Cristo até o extremo sacrifício", realizando plenamente – recordou Bento XVI – a promessa de Jesus àqueles "fiéis chamados a dar testemunho em circunstâncias difíceis e perigosas, não serão abandonados e indefesos". Toda a vida de Santo Estevão "é inteiramente plasmada por Deus, conformada a Cristo", e, como Ele, soube perdoar os seus inimigos: "Senhor – pediu no momento da morte –, não lhe impute este pecado".
"Deixar-se atrair por Cristo, como fez Santo Estevão, significa abrir a própria vida à luz que a evoca, a orienta e a faz percorrer o caminho do bem, o caminho de uma humanidade segundo o desígnio de amor de Deus."
Santo Estevão "modelo para todos aqueles que querem colocar-se a serviço da nova evangelização".
"Ele demonstra que a novidade do anúncio não consiste primariamente no uso de métodos ou técnicas originais, que certamente têm a sua utilidade, mas no ser repleto do Espírito Santo e deixar-se conduzir por Ele."
E, portanto, "a novidade do anúncio está na profundidade da imersão no mistério de Cristo, na assimilação da sua Palavra..."
"Substancialmente, o evangelizador torna-se capaz de levar Cristo aos outros de modo eficaz quando vive de Cristo, quando a novidade do Evangelho se manifesta em sua própria vida."
Em seguida, o Papa fez uma invocação a Nossa Senhora:
"Rezemos à Virgem Maria, a fim de que a Igreja, neste Ano da Fé, veja multiplicarem-se os homens e as mulheres que, como Santo Estevão, sabem dar um testemunho convicto e corajoso do Senhor Jesus."
Após a oração mariana, o Pontífice saudou, em várias línguas, os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro e a todos desejou "uma boa festa, na luz e na paz do Natal do Senhor".
Eis o que disse na saudação aos fiéis e peregrinos de língua portuguesa:
"Com afeto, saúdo também os peregrinos de língua portuguesa, desejando que esta vinda a Roma encha de paz e alegria natalícia os vossos corações, com uma viva adesão a Cristo como fez Santo Estêvão: Confiai no seu poder, deixai agir a sua graça! De coração vos agradeço e abençoo."
O Santo Padre concedeu a todos a sua Bênção apostólica.

Papa lamenta falta de Deus na vida das pessoas e da sociedade



Bento XVI alertou nesta segunda-feira, 24 de dezembro, no Vaticano, durante a Missa do Galo, para a falta de “espaço” para Deus na vida pessoal e da sociedade, considerando que esta atitude tem como consequência o individualismo.
 “Estamos completamente ‘cheios’ de nós mesmos, de tal modo que não resta qualquer espaço para Deus. E por isso não há espaço sequer para os outros, para as crianças, para os pobres, para os estrangeiros”, disse o Papa na homilia da missa do galo a que presidiu na Basílica de São Pedro.
A intervenção sublinhou “a grande questão moral” relativa ao comportamento de cada um face aos mais desprotegidos
“Peçamos para que se crie, no nosso íntimo, um espaço para Ele [Deus] e possamos, deste modo, reconhecê-lo também naqueles sob cujas vestes vem ter connosco: nas crianças, nos doentes e abandonados, nos marginalizados e pobres deste mundo”, referiu Bento XVI.
O Papa lamentou que numa humanidade em que se multiplicam os meios de deslocação e tudo o que permite “poupar” tempo, haja cada vez menos tempo disponível para as pessoas e para a relação com o divino.
“Hoje, Deus não faz parte das realidades urgentes. As coisas de Deus – assim o pensamos e dizemos – podem esperar”, declarou.
“Deus tem verdadeiramente um lugar no nosso pensamento? A metodologia do nosso pensamento está configurada de modo que, no fundo, Ele não deva existir”, lamentou ainda, criticando os que querem que a ‘hipótese Deus’ se torne “supérflua”.
Em vésperas de Natal, Bento XVI recordou o canto dos anjos, relatado pelos evangelhos, e convidou todos à alegria, porque “existe a verdade; existe a pura bondade; existe a luz pura”.
“Deus é bom; Ele é o poder supremo que está acima de todos os poderes. Nesta noite, deveremos simplesmente alegrar-nos por este facto, juntamente com os anjos e os pastores”, acrescentou.
 Papa pede paz para Médio Oriente
Bento XVI lembrou hoje as populações que “vivem e sofrem” em Belém, na Cisjordânia, terra natal de Jesus, e de todo o Médio Oriente para pedir paz na região e diálogo entre os fiéis das várias religiões.
“Rezemos para que lá haja paz. Rezemos para que israelitas e palestinos possam conduzir a sua vida na paz do único Deus e na liberdade. Peçamos também pelos países vizinhos – o Líbano, a Síria, o Iraque, etc. – para que lá se consolide a paz”, disse o Papa na homilia da missa do galo, a que presidiu na Praça de São Pedro.
Em vésperas do Natal, Bento XVI pediu ainda que os cristãos possam “conservar a sua casa” nos países onde teve origem a sua fé e que “cristãos e muçulmanos construam, juntos, os seus países na paz de Deus”.
O Papa evocou uma passagem da Bíblia para desejar que “em vez dos armamentos para a guerra, apareçam ajudas para os doentes”.
“Iluminai [Deus] quantos acreditam que devem praticar violência em vosso nome, para que aprendam a compreender o absurdo da violência e a reconhecer o vosso verdadeiro rosto. Ajudai a tornarmo-nos homens ‘do vosso agrado’: homens segundo a vossa imagem e, por conseguinte, homens de paz”, prosseguiu.
Numa reflexão sobre o fanatismo religioso e a violência, o Papa frisou que ao longo da história da humanidade “não houve apenas casos de mau uso da religião, mas, da fé no Deus que Se fez homem, nunca cessou de brotar forças de reconciliação e magnanimidade
Bento XVI recordou mesmo os “tipos de violência arrogante” que decorreram da negação de Deus, “com o homem a desprezar e a esmagar o homem”, em “toda a sua crueldade”, no século passado.
“Onde não se dá glória a Deus, onde Ele é esquecido ou até mesmo negado, também não há paz. Hoje, porém, há correntes generalizadas de pensamento que afirmam o contrário: as religiões, mormente o monoteísmo, seriam a causa da violência e das guerras no mundo”, lamentou.
Segundo essas correntes, frisou o Papa, “seria preciso libertar a humanidade das religiões, para se criar então a paz; o monoteísmo, a fé no único Deus, seria prepotência, causa de intolerância, porque pretenderia, fundamentado na sua própria natureza, impor-se a todos com a pretensão da verdade única”.
A intervenção de Bento XVI condenou as “deturpações do sagrado”, considerando “incontestável algum mau uso da religião na história”.
“É verdade que o monoteísmo serviu de pretexto para a intolerância e a violência. É verdade que uma religião pode adoecer e chegar a contrapor-se à sua natureza mais profunda, quando o homem pensa que deve ele mesmo deitar mão à causa de Deus, fazendo assim de Deus uma sua propriedade privada”, precisou.
Para o Papa, contudo, “não é verdade que o ‘não’ a Deus restabeleceria a paz. Se a luz de Deus se apaga, apaga-se também a dignidade divina do homem”.
A cerimónia marcou o início do calendário de Bento XVI para o tempo litúrgico do Natal, que segue a tradição, com seis celebrações em três semanas, para além de um encontro com jovens cristãos da Europa.
Os participantes na missa do galo, transmitida para dezenas de países, incluindo Portugal, lembraram os “povos em guerra”, particularmente no Médio Oriente, para que saibam encontrar “caminhos de compreensão”.
Esta cerimónia foi antecedida pelo canto da ‘calenda’, um texto da antiguidade cristã que serve como anúncio do nascimento de Jesus, acontecimento que a oração coloca na época da 194ª Olimpíada e no ano 752 da fundação de Roma, entre outras referências históricas.

 Presépio italiano inaugurado na Praça de São Pedro
O presépio da Praça de São Pedro, que este ano é oferecido pela região italiana de Basilicata, no sul do país, foi hoje inaugurado no Vaticano.
A decoração inédita reproduz os ‘sassi’ de Matera, localizada a cerca de 450 km a sul de Roma, onde se encontram casas escavadas na rocha que são desde 1993 património da humanidade declarado pela UNESCO.
A manjedoura ocupa uma área de 225 metros quadrados, numa reprodução do nascimento de Jesus que integra centenas de figuras em argila, obras do escultor Francesco Artese, incluindo as dos tradicionais vaca e burro.
No final da cerimónia, o Papa acendeu a “chama da Paz”, na janela do seu escritório pessoal, desde a qual abençoou as pessoas reunidas na praça, sem proferir qualquer discurso.
A chama foi transportada, este ano, desde a Terra Santa, berço de Jesus.
Junto do presépio está colocada a árvore de Natal, com 24 metros de altura, proveniente da região de Molise, também no sul da Itália, que foi iluminada a 14 de dezembro.
 VEJA NA ÍNTEGRA A HOMILIA DO SANTO PADRE BENTO XVI NA SOLENIDADE DO NATAL DO SENHOR
Basílica Vaticana
24 de Dezembro de 2012
Amados irmãos e irmãs!
A beleza deste Evangelho não cessa de tocar o nosso coração: uma beleza que é esplendor da verdade. Não cessa de nos comover o facto de Deus Se ter feito menino, para que nós pudéssemos amá-Lo, para que ousássemos amá-Lo, e, como menino, Se coloca confiadamente nas nossas mãos. Como se dissesse: Sei que o meu esplendor te assusta, que à vista da minha grandeza procuras impor-te a ti mesmo. Por isso venho a ti como menino, para que Me possas acolher e amar.
Sempre de novo me toca também a palavra do evangelista, dita quase de fugida, segundo a qual não havia lugar para eles na hospedaria. Inevitavelmente se põe a questão de saber como reagiria eu, se Maria e José batessem à minha porta. Haveria lugar para eles? E recordamos então que esta notícia, aparentemente casual, da falta de lugar na hospedaria que obriga a Sagrada Família a ir para o estábulo, foi aprofundada e referida na sua essência pelo evangelista João nestes termos: «Veio para o que era Seu, e os Seus não O acolheram» (Jo 1, 11). Deste modo, a grande questão moral sobre o modo como nos comportamos com os prófugos, os refugiados, os imigrantes ganha um sentido ainda mais fundamental: Temos verdadeiramente lugar para Deus, quando Ele tenta entrar em nós? Temos tempo e espaço para Ele? Porventura não é ao próprio Deus que rejeitamos? Isto começa pelo facto de não termos tempo para Deus. Quanto mais rapidamente nos podemos mover, quanto mais eficazes se tornam os meios que nos fazem poupar tempo, tanto menos tempo temos disponível. E Deus? O que diz respeito a Ele nunca parece uma questão urgente. O nosso tempo já está completamente preenchido. Mas vejamos o caso ainda mais em profundidade. Deus tem verdadeiramente um lugar no nosso pensamento? A metodologia do nosso pensamento está configurada de modo que, no fundo, Ele não deva existir. Mesmo quando parece bater à porta do nosso pensamento, temos de arranjar qualquer raciocínio para O afastar; o pensamento, para ser considerado «sério», deve ser configurado de modo que a «hipótese Deus» se torne supérflua. E também nos nossos sentimentos e vontade não há espaço para Ele. Queremo-nos a nós mesmos, queremos as coisas que se conseguem tocar, a felicidade que se pode experimentar, o sucesso dos nossos projectos pessoais e das nossas intenções. Estamos completamente «cheios» de nós mesmos, de tal modo que não resta qualquer espaço para Deus. E por isso não há espaço sequer para os outros, para as crianças, para os pobres, para os estrangeiros. A partir duma frase simples como esta sobre o lugar inexistente na hospedaria, podemos dar-nos conta da grande necessidade que há desta exortação de São Paulo: «Transformai-vos pela renovação da vossa mente» (Rm 12, 2). Paulo fala da renovação, da abertura do nosso intelecto (nous); fala, em geral, do modo como vemos o mundo e a nós mesmos. A conversão, de que temos necessidade, deve chegar verdadeiramente até às profundezas da nossa relação com a realidade. Peçamos ao Senhor para que nos tornemos vigilantes quanto à sua presença, para que ouçamos como Ele bate, de modo suave mas insistente, à porta do nosso ser e da nossa vontade. Peçamos para que se crie, no nosso íntimo, um espaço para Ele e possamos, deste modo, reconhecê-Lo também naqueles sob cujas vestes vem ter connosco: nas crianças, nos doentes e abandonados, nos marginalizados e pobres deste mundo.
Na narração do Natal, há ainda outro ponto que gostava de reflectir juntamente convosco: o hino de louvor que os anjos entoam depois de anunciar o Salvador recém-nascido: «Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens do seu agrado». Deus é glorioso. Deus é pura luz, esplendor da verdade e do amor. Ele é bom. É o verdadeiro bem, o bem por excelência. Os anjos que O rodeiam transmitem, primeiro, a pura e simples alegria pela percepção da glória de Deus. O seu canto é uma irradiação da alegria que os inunda. Nas suas palavras, sentimos, por assim dizer, algo dos sons melodiosos do céu. No canto, não está subjacente qualquer pergunta sobre a finalidade; há simplesmente o facto de transbordarem da felicidade que deriva da percepção do puro esplendor da verdade e do amor de Deus. Queremos deixar-nos tocar por esta alegria: existe a verdade; existe a pura bondade; existe a luz pura. Deus é bom; Ele é o poder supremo que está acima de todos os poderes. Nesta noite, deveremos simplesmente alegrar-nos por este facto, juntamente com os anjos e os pastores.
E, com a glória de Deus nas alturas, está relacionada a paz na terra entre os homens. Onde não se dá glória a Deus, onde Ele é esquecido ou até mesmo negado, também não há paz. Hoje, porém, há correntes generalizadas de pensamento que afirmam o contrário: as religiões, mormente o monoteísmo, seriam a causa da violência e das guerras no mundo; primeiro seria preciso libertar a humanidade das religiões, para se criar então a paz; o monoteísmo, a fé no único Deus, seria prepotência, causa de intolerância, porque pretenderia, fundamentado na sua própria natureza, impor-se a todos com a pretensão da verdade única. É verdade que, na história, o monoteísmo serviu de pretexto para a intolerância e a violência. É verdade que uma religião pode adoecer e chegar a contrapor-se à sua natureza mais profunda, quando o homem pensa que deve ele mesmo deitar mão à causa de Deus, fazendo assim de Deus uma sua propriedade privada. Contra estas deturpações do sagrado, devemos estar vigilantes. Se é incontestável algum mau uso da religião na história, não é verdade que o «não» a Deus restabeleceria a paz. Se a luz de Deus se apaga, apaga-se também a dignidade divina do homem. Então, este deixa de ser a imagem de Deus, que devemos honrar em todos e cada um, no fraco, no estrangeiro, no pobre. Então deixamos de ser, todos, irmãos e irmãs, filhos do único Pai que, a partir do Pai, se encontram interligados uns aos outros. Os tipos de violência arrogante que aparecem então com o homem a desprezar e a esmagar o homem, vimo-los, em toda a sua crueldade, no século passado. Só quando a luz de Deus brilha sobre o homem e no homem, só quando cada homem é querido, conhecido e amado por Deus, só então, por mais miserável que seja a sua situação, a sua dignidade é inviolável. Na Noite Santa, o próprio Deus Se fez homem, como anunciara o profeta Isaías: o menino nascido aqui é «Emmanuel – Deus-connosco» (cf. Is 7, 14). E verdadeiramente, no decurso de todos estes séculos, não houve apenas casos de mau uso da religião; mas, da fé no Deus que Se fez homem, nunca cessou de brotar forças de reconciliação e magnanimidade. Na escuridão do pecado e da violência, esta fé fez entrar um raio luminoso de paz e bondade que continua a brilhar.
Assim, Cristo é a nossa paz e anunciou a paz àqueles que estavam longe e àqueles que estavam perto (cf. Ef 2, 14.17). Quanto não deveremos nós suplicar-Lhe nesta hora! Sim, Senhor, anunciai a paz também hoje a nós, tanto aos que estão longe como aos que estão perto. Fazei que também hoje das espadas se forjem foices (cf. Is 2, 4), que, em vez dos armamentos para a guerra, apareçam ajudas para os enfermos. Iluminai a quantos acreditam que devem praticar violência em vosso nome, para que aprendam a compreender o absurdo da violência e a reconhecer o vosso verdadeiro rosto. Ajudai a tornarmo-nos homens «do vosso agrado»: homens segundo a vossa imagem e, por conseguinte, homens de paz.
Logo que os anjos se afastaram, os pastores disseram uns para os outros: Coragem! Vamos até lá, a Belém, e vejamos esta palavra que nos foi mandada (cf. Lc 2, 15). Os pastores puseram-se apressadamente a caminho para Belém – diz-nos o evangelista (cf. 2, 16). Uma curiosidade santa os impelia, desejosos de verem numa manjedoura este menino, de quem o anjo tinha dito que era o Salvador, o Messias, o Senhor. A grande alegria, de que o anjo falara, apoderara-se dos seus corações e dava-lhes asas.
Vamos até lá, a Belém: diz-nos hoje a liturgia da Igreja. Trans-eamus – lê-se na Bíblia latina – «atravessar», ir até lá, ousar o passo que vai mais além, que faz a «travessia», saindo dos nossos hábitos de pensamento e de vida e ultrapassando o mundo meramente material para chegarmos ao essencial, ao além, rumo àquele Deus que, por sua vez, viera ao lado de cá, para nós. Queremos pedir ao Senhor que nos dê a capacidade de ultrapassar os nossos limites, o nosso mundo; que nos ajude a encontrá-Lo, sobretudo no momento em que Ele mesmo, na Santa Eucaristia, Se coloca nas nossas mãos e no nosso coração.
Vamos até lá, a Belém! Ao dizermos estas palavras uns aos outros, como fizeram os pastores, não devemos pensar apenas na grande travessia até junto do Deus vivo, mas também na cidade concreta de Belém, em todos os lugares onde o Senhor viveu, trabalhou e sofreu. Rezemos nesta hora pelas pessoas que actualmente vivem e sofrem lá. Rezemos para que lá haja paz. Rezemos para que Israelitas e Palestinianos possam conduzir a sua vida na paz do único Deus e na liberdade. Peçamos também pelos países vizinhos – o Líbano, a Síria, o Iraque, etc. – para que lá se consolide a paz. Que os cristãos possam conservar a sua casa naqueles países onde teve origem a nossa fé; que cristãos e muçulmanos construam, juntos, os seus países na paz de Deus.
Os pastores apressaram-se… Uma curiosidade santa e uma santa alegria os impelia. No nosso caso, talvez aconteça muito raramente que nos apressemos pelas coisas de Deus. Hoje, Deus não faz parte das realidades urgentes. As coisas de Deus – assim o pensamos e dizemos – podem esperar. E todavia Ele é a realidade mais importante, o Único que, em última análise, é verdadeiramente importante. Por que motivo não deveríamos também nós ser tomados pela curiosidade de ver mais de perto e conhecer o que Deus nos disse? Supliquemos-Lhe para que a curiosidade santa e a santa alegria dos pastores nos toquem nesta hora também a nós e assim vamos com alegria até lá, a Belém, para o Senhor que hoje vem de novo para nós. Amém.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Qual é o sentido do Natal para os cristãos?



 Longe do consumismo que nos cerca, a festa do Natal recorda aos cristãos o nascimento do Filho de Deus, que veio para nos guiar pelos caminhos da paz. Mistério de luz e de amor, o Natal é compreendido também sob a ótica da Páscoa. Em Jesus Cristo, Deus se torna próximo de todo homem e o convida a aceitar seu amor em total liberdade.

No Natal, os cristãos celebram o nascimento de Jesus. Mas não apenas como um personagem histórico que mudou o mundo, nascido na província romana da Judeia, no tempo do imperador César Augusto. Na festa de Natal, recorda-se algo fundamental para a fé cristã: a Encarnação do Verbo divino para a redenção da humanidade. Trata-se de um episódio que o evangelista João resume com as palavras: “O Verbo se fez carne”.

“Naquela Criança, envolvida em panos e recostada na manjedoura, é Deus que vem-nos visitar para guiar nossos passos no caminho da paz”, afirma o Papa João Paulo II (mensagem Urbi et Orbi, 25 de dezembro de 2002).

Mas é possível “algo deste tipo?” – pergunta o Papa Bento XVI –. “É digno de Deus tornar-se criança?” (audiência geral de 17 de dezembro de 2008). “Para procurar abrir o coração a esta verdade que ilumina toda a existência humana, é necessário humilhar a mente e reconhecer o limite da nossa inteligência”, responde o Pontífice.

Na gruta de Belém – explica Bento XVI –, Deus se mostra aos homens como um humilde menino para derrotar a nossa soberba. Se Deus tivesse se encarnado envolto em poder, riquezas e glória, talvez o homem tivesse se rendido mais facilmente. Mas Deus “não quer a nossa rendição”. Pelo contrário, “faz apelo ao nosso coração e à nossa livre decisão de aceitar o seu amor”.

“Fez-se pequeno para nos libertar daquela humana pretensão de grandeza, que brota da soberba; encarnou-se livremente para nos tornar deveras livres, livres para o amar”, afirma o Papa.

No Menino recém-nascido, cujo rosto os cristãos contemplam no Natal, manifesta-se Deus-Amor: “Ele pede o nosso amor: por isto faz-se menino”. “Deus fez-se pequeno a fim de que nós pudéssemos compreendê-Lo, acolhê-Lo, amá-Lo” (homilia de 24 de dezembro de 2006).

Segundo o Papa, o fato de Deus assumir a condição de Menino indica o modo como os cristãos podem encontrar o próprio Deus. “Quem não compreendeu o mistério do Natal, não entendeu o elemento decisivo da existência cristã. Quem não acolhe Jesus com coração de criança, não pode entrar no reino dos céus” (audiência geral de 23 de dezembro de 2009).

Primeiro Presépio vivo

A atmosfera espiritual particular do Natal se deve a São Francisco de Assis. Na famosa celebração do Natal em Greccio (comuna italiana da região do Lácio), em 1223, São Francisco fez a representação de um presépio ao vivo. Assim “ofereceu uma contribuição decisiva para a difusão da tradição natalícia mais bonita, a do presépio” (Bento XVI, audiência geral, 23 de dezembro de 2009).

A noite de Greccio, com a representação ao vivo do presépio, “voltou a dar à cristandade a intensidade e a beleza da festa do Natal, e educou o Povo de Deus para compreender a sua mensagem mais autêntica, o calor particular, e a amar e adorar a humanidade de Cristo”.

“Com São Francisco e com o seu presépio eram postos em evidência o amor inerme de Deus, a sua humildade e a sua benignidade, que na Encarnação do Verbo se manifesta aos homens para ensinar um novo modo de viver e de amar”, afirma Bento XVI.

Graças a São Francisco, o povo cristão “pôde compreender que no Natal Deus se tornou deveras o ‘Emanuel’, o Deus-conosco, do qual não nos separa barreira nem distância alguma. Naquele Menino, Deus tornou-se tão próximo de cada um de nós, tão próximo, que podemos chamá-lo por tu e manter com ele uma relação confidencial de afeto profundo, assim como fazemos com um recém-nascido.”


O Natal é a antecipação do mistério pascal.

O Natal está presente na Igreja sempre envolto na luz e na realidade do mistério da Páscoa. Assim como a pregação evangélica vai remontar até a infância a partir da Ressurreição, e João vai projetar sobre o Verbo Encarnado a glória do Ressuscitado, assim também a Igreja vai contemplar o Natal à luz da Ressurreição (Castellano, 1989).

Na Igreja Oriental, o Natal já significa o princípio da Redenção. Na Igreja de Roma, de forma especial a partir do Papa Leão Magno (século V), o Natal é parte integrante do sacramento pascal.

“A festa de hoje renova para nós os primeiros instantes da vida sagrada de Jesus, nascido da Virgem Maria. E enquanto adoramos o nascimento do nosso Salvador, celebramos também o nosso nascimento. Efetivamente, a geração de Cristo é a origem do povo cristão. O natal da cabeça é também o natal do corpo” (São Leão Magno, LH, dia 31 de dezembro).

Portanto, em sua perspectiva teológica, o Natal é início do sacramento pascal, que compreende nas confissões de Fé a Encarnação do Filho de Deus. O Natal é também o início da Redenção, pois nele o Deus assume a natureza humana. Uma outra característica é que no Cristo da glória também está presente o mistério salvífico de seu Nascimento. E o “hoje” do nascimento de Cristo converte-se em presença eterna do Verbo/Palavra de Deus (Castellano, 1989).

A respeito da espiritualidade do Natal, podem-se destacar três características: é um mistério de luz – vitória sobre as trevas –; é restauração cósmica – início da normalização da comunhão com Deus, que fora perturbada pelo pecado; é intercâmbio da Redenção – “ao se tornar Ele um de nós, nós nos tornamos eternos (Prefácio III).

O Natal é ainda anúncio de paz, com a manifestação do “Príncipe da Paz” (segundo o profeta Isaías). O Nascimento do Senhor constitui também o jubiloso anúncio de uma grande alegria e a festa da glória de Deus.

Aos homens de hoje, o Natal continua se apresentando como uma festa universal. “De fato, mesmo quem não se professa crente, pode sentir nesta celebração cristã anual algo de extraordinário e de transcendente, algo de íntimo que fala ao coração”, afirma Bento XVI (audiência geral, 17 de dezembro de 2008).



Programação de Natal



Dos Sermões de Santo Agostinho

“Desperta, ó homem: por tua causa Deus se fez homem. Despertas tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti Cristo resplandecerá (Ef 5,14). Por tua causa, repito, Deus se fez homem.
         Estarias morto para sempre, se ele não tivesse nascido no tempo. Jamais te libertarias da carne do pecado, se ele não tivesse assumido uma carne semelhante à do pecado. Estarias condenado a uma eterna miséria, se não fosse a sua misericórdia. Não voltarias à vida, se ele não tivesse vindo ao encontro de tua morte. Terias perecido, se ele não te socorresse. Estarias perdido, se ele não viesse salvar-te.
         Celebremos com alegria a vinda da nossa Salvação e redenção. Celebremos este dia de festa, em que o grande eterno Dia, gerado pelo Dia grande e eterno, veio a este nosso dia temporal e tão breve.
         Ele se tornou para nós, justiça, santificação e libertação, para que, como está escrito, “quem se gloria, glorie-se no Senhor” (1Cor 1,30-31).
         A verdade brotará da terra (Sl 84,12), o Cristo que disse: eu sou a verdade (Jo 14,6), nasceu da Virgem. E a justiça olhou do alto céu (Sl 84,12), porque o homem, crendo naquele que nasceu, é justificado não por si mesmo, mas por Deus.
         A verdade brotou da terra porque o Verbo se fez carne (Jo 1,14). E a justiça olhou do alto céu porque todo o dom precioso e toda a dádiva perfeita vêm do alto (Tg 1,17).
        A verdade brotou da terra, isto é, da carne de Maria. E a justiça olhou do alto céu porque o homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dado do céu (Jo 3,27).
 Não disse “de nossa glória”, mas da glória de Deus, porque a justiça não procede de nós, mas olha do alto do céu. Portanto, quem se gloria não se glorie em si mesmo, mas no Senhor.
        Eis por que, quando o Senhor nasceu da Virgem, os anjos cantaram: Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade (Lc 2, 14).
        Como veio a paz à terra senão por ter a verdade brotado da terra, isto é, Cristo ter nascido da carne humana? Ele é a nossa paz: de dois povos fez um só (Ef 2,14), para que fôssemos homens de boa vontade, unidos uns aos outros pelo suave vínculo da caridade.
       Alegremo-nos com esta graça, para que nossa glória seja o testemunho da nossa consciência, e assim nos gloriaremos, não em nós mesmos, mas no Senhor. Por isso disse o Salmista: Vós sois a minha glória que levanta a minha cabeça (Sl 3,4). Na verdade, que graça maior Deus poderia nos conceder do que, tendo um único Filho, fazê-lo Filho do homem e reciprocamente fazer os filhos dos homens serem filhos de Deus?
      Procurai o mérito, procurai a causa, procurai a justiça; e vede se encontrais outra coisa que não seja a graça de Deus.


Programação de Natal

NOVENA PREPARATÓRIA PARA O NATAL

De 12 a 20 de dezembro
19hs – Celebração da Novena do Natal nos lares da paróquia.

21 de dezembro – sexta-feira
Celebração com as famílias que fizeram a preparação para o Natal, rendendo graças a Deus pela ação salvífica de seu Filho.
19hs – Na Catedral Basílica, com as comunidades: Nossa Senhora da Assunção, São Pedro, São Vicente, Santíssima Trindade, Santo Antônio, São Gonçalo e Catete.
        - Na Igreja de Nossa Senhora Aparecida, com as comunidades: Santo Expedito, São José, Santa Rita de Cássia, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora de Nazaré, Santa Clara e Nossa Senhora Aparecida.

RECITAIS DE NATAL

15 de dezembro – sábado
Catedral Basílica
20h – Auto da Natal infantil, pelo Conservatório de Musica Mestre Vicente

16 de dezembro - domingo
Igreja de Nossa Senhora Aparecida
18h30min – Apresentação do Auto de Natal pelo Grupo do Sumidouro

21 de dezembro - sexta-feira
Catedral Basílica e Igreja de Nossa Senhora Aparecida
20h – Recital de Natal pelos grupos do Conservatório de Música Mestre Vicente

23 de dezembro – domingo
Santuário de Nossa Senhora do Carmo
19h30min – Recital de Natal pelos grupos do Conservatório de Música Mestre Vicente

Catedral Basílica
20h – Recital de Natal Pelo Coral da Família Querubins  de Barão de Cocais

CELEBRAÇÕES DO NATAL
“Ó Deus onipotente, agora que a nova luz do vosso Verbo Encarnado invade o nosso coração, fazei que manifestemos em ações o que brilha pela fé em nossas mentes”.

24 de dezembro - segunda-feira

20h – Santuário de Nossa Senhora do Carmo
20h – Igreja de Nossa Senhora Aparecida
22h – Catedral Basílica, missa presidida pelo Senhor Arcebispo Dom Geraldo Lyrio Rocha.

25 de dezembro - terça-feira

07h – Catedral Basílica
07h – Igreja Nossa Senhora Aparecida
10h – Catedral Basílica
19h – Catedral Basílica

FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA
“Ó Deus de bondade, que nos destes a Sagrada Família como exemplo, concedei-nos imitar em nossos lares as suas virtudes, para que, unidos pelos laços do amor, possamos chegar um dia às alegrias de vossa casa”.

Convidamos você e sua família, para a consagração das famílias a Deus, em todas as celebrações que acontecerão na paróquia neste final de semana.

29 de dezembro – sábado
17h30min – Capela de Sant’Ana
18h – Capela de N. Sra. de Nazaré
18h – Capela de São Gonçalo
19h – Catedral Basílica
19h30min – Capela de Santo Antônio
19h30min – Capela de Santa Rita

30 de dezembro – domingo

07h – Catedral Basílica
07h – Igreja de N. Sra. Aparecida
08h – Igreja de São Pedro
08h30min – Capela de São José
09h30min – Capela de São Vicente
10h – Catedral Basílica
17h30min – Igreja de N. Sra. Aparecida
19h – Catedral Basílica

CELEBRAÇÃO EM AÇÃO DE GRAÇAS PELO ENCERRAMENTO DO ANO CIVIL

31 de dezembro - segunda-feira

06h30min – Catedral Basílica
19h – Santuário de N. Sra. do Carmo
19h – Igreja de N. Sra. Aparecida
20h – Catedral Basílica

CELEBRAÇÃO DA SANTA MÁE DE DEUS
“Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos  recebêssemos a filiação adotiva”. (Gl 4,4-5)

Dia 01 de janeiro de 2013 - terça-feira

07h – Catedral Basílica
10h – Catedral Basílica, missa presidida pelo Sr. Arcebispo Dom Geraldo Lyrio Rocha
19h – Catedral Basílica

CELEBRAÇÃO DA EPFANIA
“Ó Deus, que hoje revelastes o vosso Filho às nações, guiando-as pela estrela, concedei aos vossos servos, que já vos conhecem pela fé, contemplar-vos um dia face a face no céu”.

05 de janeiro de 2013 – sábado

Celebrações:
17h30min – Capela de Sant’Ana
18h – Capela de N. Sra. de Nazaré
18h – Capela de São Gonçalo
19h – Catedral Basílica
19h30min – Capela de Santo Antônio
19h30min – Capela de Santa Rita

06 de janeiro de 2013 – domingo

07h – Catedral Basílica
07h – Igreja de N. Sra. Aparecida
08h – Igreja de São Pedro
08h30min – Capela de São José
09h30min – Capela de São Vicente
10h – Catedral Basílica
17h30min – Igreja de N. Sra. Aparecida
19h – Catedral Basílica

CELEBRAÇÃO DO BATISMO DO SENHOR
“O espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu; enviou-me para dar a boa-nova aos humildes, curar as feridas da alma, pregar a redenção para os cativos e a liberdade para os que estão presos; para proclamar o tempo da graça do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus”. (Is 61,1-2ª)

12 de janeiro de 2013 – sábado

Encontro com os grupos de Manifestações natalinas
14h – Chegada dos grupos de pastorinhas e folias de reis.
15h – Início da manifestação dos grupos na Praça da Sé.
18h – Celebração Eucarística na Catedral Basílica com a participação dos grupos natalinos.

13 de janeiro de 2013 – domingo

Neste domingo, convidamos todos os agentes de pastorais, movimentos e irmandades a participarem com suas insígnias e distintivos das celebrações das 07h na Igreja de Nossa Senhora Aparecida e das 10h na Catedral Basílica, para a renovação das Promessas Batismais e envio missionário.

07h – Catedral Basílica
07h – Igreja de N. Sra. Aparecida
08h – Igreja de São Pedro
08h30min – Cartuxa de Dom Viçoso
09h30min – Capela de São Vicente
10h – Catedral Basílica
17h30min – Igreja de N. Sra. Aparecida
19h – Catedral Basílica.




Bento XVI: "Jesus veio trazer aos homens a paz e a verdadeira alegria"



Queridos irmãos e irmãs!
No tempo do Advento, a liturgia enfatiza, em particular, duas figuras que preparam a vinda do Messias, a Virgem Maria e João Batista. Hoje São Lucas apresenta, e faz isso com características diferentes dos outros evangelistas. "Todos os quatro Evangelhos colocar no início do ministério de Jesus, a figura de João Batista, e apresentá-lo como seu precursor. São Lucas se mudou de volta a conexão entre as duas figuras e suas respectivas missões ... Já na concepção e nascimento, Jesus e João são postos em relação uns com os outros "( A infância de Jesus , 23). Essa configuração ajuda a entender que João, como o filho de Zacarias e Isabel, ambos de famílias sacerdotais, não é apenas o último dos profetas, mas também representa todo o sacerdócio da Antiga Aliança e, portanto, prepara os homens para a adoração do espiritual Nova Aliança inaugurada por Jesus (cf. ibid. 27-28). Lucas também afasta qualquer leitura mítica que é muitas vezes feita de os Evangelhos e lugares historicamente a vida de João Batista, escrevendo: "No décimo quinto ano de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador ... durante o sumo sacerdócio de Anás e Caifás" ( Lc 3:1-2). Dentro deste quadro histórico reside o verdadeiro evento grande, o nascimento de Cristo, que seus contemporâneos não vai perceber. Por Deus os grandes homens da história formam o pano de fundo para pequeno!
João Batista é definida como a "Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas" ( Lc 3:4). A voz proclama a palavra, mas, neste caso, a Palavra de Deus acima, como é próprio para baixo a João, filho de Zacarias, no deserto (cf. Lc 3:2). Ele, então, desempenha um grande papel, mas sempre em relação a Cristo. Santo Agostinho diz: "John está se dirigindo. Em vez de o Senhor diz: "No princípio era o Verbo" ( Jo 1:1). João é a voz que vai, Cristo é o Verbo eterno, que era no início. Se o item que tirar a palavra, o que resta? Um som fraco. A voz sem as greves palavra, mas a audição, mas não constrói-se o coração "( Sermão 293, 3: PL 38, 1328). Nosso objetivo é dar hoje a ouvir essa voz a dar espaço e bem-vindo ao coração de Jesus, a Palavra que nos salva. Neste tempo de Advento, prepare-se para ver, com os olhos da fé, o humilde estábulo em Belém, a salvação de Deus (cf. Lc 3:6). Na sociedade de consumo, em que eles busquem a alegria nas coisas, Batista nos ensina a viver de uma forma essencial, para o Natal é vivido não só como fora do partido, mas como a festa do Filho de Deus que veio para trazer a paz para as pessoas, a vida ea verdadeira alegria.
À materna intercessão de Maria, a Virgem do Advento, confio o nosso caminho para o Senhor, que é estar pronto a aceitar, no coração e na vida, o Emanuel, Deus-conosco.

O encanto nosso de cada dia


Ainda bem que o tempo passa! Já imaginou o desespero que tomaria conta de nós se tivéssemos que suportar uma segunda-feira eterna?
A beleza de cada dia só existe porque não é duradoura. Tudo o que é belo não pode ser aprisionado, porque aprisionar a beleza é uma forma de desintegrar a sua essência. Dizem que havia uma menina que se maravilhava todas as manhãs com a presença de um pássaro encantado. Ele pousava em sua janela e a presenteava com um canto que não durava mais que cinco minutos. A beleza era tão intensa que o canto a alimentava pelo resto do dia. Certa vez, ela resolveu armar uma armadilha para o pássaro encantado. Quando ele chegou, ela o capturou e o deixou preso na gaiola para que pudesse ouvir por mais tempo o seu canto.
O grande problema é que a gaiola o entristeceu; e triste, deixou de cantar.
Foi então que a menina descobriu que o canto do pássaro só existia porque ele era livre. O encanto estava justamente no fato de não o possuir. Livre, ele conseguia derramar na janela do quarto, a parcela de encanto que seria necessário para que ela pudesse suportar a vida. O encanto alivia a existência... Aprisionado, ela o possuía, mas não recebia dele o que considerava ser a sua maior riqueza: o canto!
Fico pensando que nem sempre sabemos recolher só encanto... Por vezes, insistimos em capturar o encantador, e então o matamos de tristeza.
Amar talvez seja isso: ficar ao lado, mas sem possuir. Viver também.
Precisamos descobrir, que há um encanto nosso de cada dia que só poderá ser descoberto, à medida em que nos empenharmos em não reter a vida.
Viver é exercício de desprendimento. É aventura de deixar que o tempo leve o que é dele, e que fique só o necessário para continuarmos as novas descobertas.
Há uma beleza escondida nas passagens... Vida antiga que se desdobra em novidades, coisas velhas que se revestem de frescor. Basta que retiremos os obstáculos da passagem e deixemos a vida seguir. Não há tristeza que mereça ser eterna; nem felicidade. Talvez seja por isso que o verbo dividir nos ajude tanto no momento em que precisamos entender o sentimento da tristeza e da alegria. Eles só são suportáveis à medida em que os dividimos...
E enquanto dividimos, eles passam, assim como tudo precisa passar.
Não se prenda ao acontecimento que agora parece ser definitivo. O tempo está passando... Uma redenção está sendo nutrida nessa hora...
Abra os olhos. Há encantos escondidos por toda parte. Preste atenção: são miúdos, mas constantes. Olhe para a janela de sua vida e perceba o pássaro encantado na sua história. Escute o que ele canta, mas não caia na tentação de querê-lo o tempo todo só para você. Ele só é encantado porque você não o possui.
Nisto consiste a beleza desse instante. O tempo está passando, mas o encanto que você pode recolher será o suficiente para esperar até amanhã, quando o pássaro encantado, quando você menos imaginar, voltar a pousar na sua janela.
Na Carta de São Paulo aos Gálatas, capítulo 4, versículos 1 a 20, é apresentado o princípio fundamental de tudo aquilo que Jesus anunciou no Seu tempo. Para ser de Deus é preciso ser livre, é preciso estar livre de todas as amarras que nos aprisionam. São Paulo percebeu que os gálatas, em vez de caminharem no processo de liberdade, estavam voltando às amarras das idolatrias do passado. Eles tinham a ideia equivocada de que o cumprimento da lei era o mais importante para a salvação, no entanto, o Senhor nos diz que a lei pode nos escravizar. A primeira cura que Jesus proporcionava não era física, mas mental, pois é nossa mentalidade que precisa ser transformada primeiro.
Jesus foi tomando consciência de quem Ele era e é bonito perceber que todas as pessoas que estavam ao redor d’Ele O foram ajudando a reconhecer quem Ele era.
Tomar consciência de quem se é, é um processo de maturidade. A psicologia humana, por exemplo, nos ensinava que uma criança só poderia ir à escola a partir dos 7 anos, pois somente nesse estágio de maturidade cerebral é que ela poderia aprender. Por isso não adianta falarmos com criança do mesmo jeito que falamos com adultos, pois elas não compreendem nossa conversa [como eles].
Muitas vezes, na evangelização, nós precisamos usar desses métodos para que todos compreendam. É como um médico que vai dizer um diagnóstico ao paciente e tem que usar de linguagem simples, pois senão a pessoa não entende. Da mesma forma, nós evangelizadores temos que nos fazer entender para que possamos entrar no universo do outro. Muitas vezes, nós estamos surdos e não compreendemos o que Deus nos fala porque falta abrir nossa mentalidade para Ele.
Há muito tempo, eu vivi um processo de dependência afetiva e aquilo me fazia mal, pois por causa da pessoa de quem eu tinha essa dependência, eu era menos eu. Um padre rezou por mim e disse sentir que havia uma pessoa que fazia muito mal para mim e me pediu que eu apenas rezasse por ela e não ficasse próximo dela. Muitas vezes, nós dizemos que esta ou aquela pessoa precisa de nós e, na verdade, somos nós que precisamos dela.
Ser gente dá trabalho, ser gente significa você estar comprometido com seu processo humano e com o processo de quem está ao seu redor e se você for gente você será um problema a menos na vida dos outros. Quantas vezes na vida uma família vira um inferno porque alguém lá dentro decidiu ser um molambo e não faz esforço nenhum para ser gente, nem aproveita a liberdade. Quantas vezes nós sofremos demais por situações que não são nossas.
Nós não podemos viver uma pobreza espiritual a vida inteira, sem ter alguém com quem contar, porque o outro resolveu ser um molambo.
O processo da imaturidade pode se estender pela vida inteira, quando eu olho para o mundo e me vejo como um coitado, isso não é maturidade, é um infantilismo que não nos leva a nada. A criança, por exemplo, passa por um processo egoístico e se nós não ensinarmos que ela tem de dividir o que tem, ela não aprenderá; se não dermos as regras à medida que ela consegue compreender, estaremos criando um monstro em casa. Se não as ensinarmos como lidar com a vida, a vida será duas vezes pior para elas e para nós também. O casal que educa o filho a partir dos ensinamentos divinos, vai dar ao mundo uma pessoa mais preparada.
Há uma grande diferença entre amar e estar apegado: o amor nos dá aquele sentimento de liberdade, enquanto que o apego nos aprisiona e pensamos que as pessoas devem agir da forma que queremos. O amor é livre! Quando estou apegado a alguém ou a alguma realidade, eu faço do outro meu escravo.
Se eu uso minha presença e minha autoridade para pôr medo no outro, eu não vivo em liberdade. Há momentos em que precisamos reconhecer que não estamos sendo livres; e se não estamos sendo livres não fazemos os outros livres também. Por essa razão, precisamos ter a consciência de que forma escravizamos o outro e de que forma somos escravizados para que possamos caminhar no processo de amadurecimento de nossas vidas.
Eu tenho certeza de que você precisa romper com os apegos, pois apegado ninguém vai a lugar nenhum; para ter liberdade você precisa se livrar dos apegos interiores. Quantos casais vivem essa realidade [apego] e não têm coragem de olhar nos olhos um do outro e acertar os pontos para que sejam livres e vivam bem seu relacionamento. Entregue nas mãos do Senhor todas as situações e coisas que o aprisionam!
Pe. Fábio de Mello