Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A Lectio Divina "leitura orante da Bíblia"

                                                                        
A "Lectio Divina" é uma expressão latina já presente e consagrada no vocabulário católico, que pode ser traduzida como "leitura divina", "leitura espiritual", ou ainda como ocorre hoje em nosso país e em vários escritos atuais, como "leitura orante da Bíblia". Ela é um alimento necessário para a nossa vida espiritual. A partir deste exercício, conscientes do plano de Deus e a Sua vontade, pode-se produzir os frutos espirituais necessários para a salvação. A Lectio Divina é deixar-se envolver pelo plano da Salvação de Deus. Os princípios da Lectio Divina foram expressos por volta do ano 220 e praticados por monges católicos, especialmente as regras monásticas dos santos: Pacômio, Agostinho, Basílio e Bento. O tempo diário dedicado à lectio divina sempre foi grande e no melhor momento do dia. A espiritualidade monástica sempre foi bíblica e litúrgica. A sistematização do método da lectio divina nós encontramos nos escritos de Guigo, o Cartucho, por volta do século XII.
A Lectio Divina tradicionalmente é uma oração individual, porém, pode-se fazê-la em grupo. O importante é rezar com a Palavra de Deus, lembrando o que dizem os bispos no Concílio Vaticano II, relembrando a mais antiga tradição católica - que conhecer a Sagrada Escritura é conhecer o próprio Cristo. Monges diziam que a Lectio Divina é a escada espiritual dos monges, mas é também de todo o cristão. O Papa Bento XVI fez a seguinte observação num discurso de 2005: "Eu gostaria, em especial, recordar e recomendar a antiga tradição da Lectio Divina, a leitura assídua da Sagrada Escritura, acompanhada da oração que traz um diálogo íntimo em que na leitura, se escuta Deus que fala e, rezando, responde-lhe com confiança a abertura do coração".  
O Concílio Vaticano II, em seu decreto Dei Verbum 25, ratificou e promoveu, com todo o peso de sua autoridade, a restauração da Lectio Divina, retomando essa antiquíssima tradição da Igreja Católica. O Concílio exorta igualmente, com ardor e insistência, a todos os fiéis cristãos, especialmente aos religiosos, que, pela frequente leitura das divinas Escrituras, alcancem esse bem supremo: o conhecimento de Jesus Cristo (Fl 3,8). Porquanto, "ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo" (São Jerônimo, Comm. In Is., prol).
O método mais antigo e que inspirou outros mais recentes, é que, seja pessoalmente, em comunidade ou no círculo bíblico nós comecemos a reflexão com a Palavra de Deus e que, depois da invocação do Espírito Santo, segue os passos tradicionais: 
1- Lectio (Leitura); 2- Meditatio (Meditação); 3- Oratio (Oração) e 4- Contemplatio (Contemplação). Existem outros métodos que, inspirados aqui, procuram ajudar o cristão a acolher em sua vida a Palavra de Deus e a colocar em prática no seu dia a dia. Em nossa 48ª Assembleia dos Bispos do Brasil, celebrada em Brasília de 3 a 13 de maio último, além de tratar como tema central a "Palavra de Deus", proporcionou aos Bispos, na manhã do domingo, dia 9, um tempo para lerem, meditarem e rezarem com esse método. A mensagem que foi publicada sobre o tema central está baseada justamente nesse clima. Chegou o momento de passarmos a colocar em nossos grupos de reflexão, círculos bíblicos e outros grupos a Palavra de Deus como fonte de reflexão e inspiração para iluminar a nossa realidade concreta.
 O método tradicional é simples: são quatro degraus - "a leitura procura a doçura da vida bem-aventurada; a meditação a encontra; a oração a pede, e a contemplação a experimenta. A leitura, de certo modo, leva à boca o alimento sólido, a meditação o mastiga e tritura, a oração consegue o sabor, a contemplação é a própria doçura que regala e refaz. A leitura está na casca, a meditação na substância, a oração na petição do desejo, a contemplação no gozo da doçura obtida." (Guigo, o Cartucho, Scala Claustralium).
Portanto, quanto à leitura, leia, com calma e atenção, um pequeno trecho da Sagrada Escritura (aconselha-se que nas primeiras vezes utilizem-se os textos dos Evangelhos). Leia o texto quantas vezes e versões forem necessárias. Procure identificar as coisas importantes desta perícope: o ambiente, os personagens, os diálogos, as imagens usadas, as ações. É importante identificar tudo com calma e atenção, como se estivesse vendo a cena. A leitura é o estudo assíduo das Escrituras, feito com aplicação de espírito.
Quanto à Meditatio, começa, então, diligente meditação. Ela não se detém no exterior, não pára na superfície, apóia o pé mais profundamente, penetra no interior, perscruta cada aspecto. Considera atenta sobre o que esta Palavra está iluminando minha vida e a realidade em que vivo hoje. Quais são as circunstâncias que ela me questiona e me incentiva? Depois de ter refletido sobre esses pontos e outros semelhantes no que toca à própria vida, a meditação começa a pensar no prêmio: Como seria glorioso e deleitável ver a face desejada do Senhor, mais bela do que a de todos os homens (Sl 45,3), não mais tendo a aparência como que o revestiu sua mão, mas envergando a estola da imortalidade, e coroado com o diadema que seu Pai lhe deu no dia da ressurreição e de glória, o dia que o Senhor fez (Sl 118,24).
Quanto à Oratio, toda boa meditação desemboca naturalmente na oração. É o momento de responder a Deus após havê-lo escutado. Esta oração é um momento muito pessoal que diz respeito apenas à pessoa e Deus. Não se preocupe em preparar palavras, fale o que vai ao coração depois da meditação: se for louvor, louve; se for pedido de perdão, peça perdão; se for necessidade de maior clareza, peça a luz divina; se for cansaço e aridez, peça os dons da fé e esperança. Enfim, os momentos anteriores, se feitos com atenção e vontade, determinarão esta oração da qual nasce o compromisso de estar com Deus e fazer a sua vontade. Vendo, pois, a pessoa que não pode por si mesma atingir a desejada doçura de conhecimento e da experiência, e que quanto mais se aproxima do fundo do coração (Sl 64,7), tanto mais distante é Deus (cf. Sl 64,8), ela se humilha e se refugia na oração. E diz: Senhor, que não és contemplado senão pelos corações puros, eu procuro, pela leitura e pela meditação, qual é, e como poder ser adquirida a verdadeira doçura do coração, a fim de por ela conhecer-te, ao menos um pouco.
Quanto ao último passo, a Contemplatio: desta etapa a pessoa não é dona. É um momento que pertence a Deus e sua presença misteriosa, sim, mas sempre presença. É um momento no qual se permanece em silêncio diante de Deus. Se ele o conduzirá à contemplação, louvado seja Deus! Se ele lhe dará apenas a tranquilidade de uns momentos de paz e silêncio, louvado seja Deus! Se para você será um momento de esforço para ficar na presença de Deus, louvado seja Deus! Mas em todas as circunstâncias será uma maneira de ver Deus presente na história e em nossa vida! "Ele recria a alma fatigada, nutre a quem tem fome, sacia sua aridez, lhe faz esquecer tudo o que não é terrestre, vivifica-a, mortificando-a por um admirável esquecimento de si mesma, e embriagando-a sóbria a torna" (Guido, o Cartucho).
Há uma preocupação grande com a vida prática, com a conversão, de modo que muitas vezes se costuma acrescentar a "actio", ou seja, ação junto com a contemplação. Os temores de uma vida "alienada" podem ser sempre apresentados em todas as circunstâncias, mas quando se aprofunda realmente na Palavra de Deus e se crê que ela é como uma espada de dois gumes que penetra no mais profundo de nosso ser e que também ilumina nossa vida e nosso caminho, teremos certeza de que ela ilumina a nossa estrada e nos conduz com a graça de Deus por uma vida nova.
Portanto, diante deste patrimônio da nossa Igreja que é este método da Lectio Divina, desejo a todos que inspirados na mensagem que os Bispos enviaram acerca do tema central da 48º Assembleia, possamos todos nós aprofundar a Leitura Orante da Bíblia, que, aproximando-nos da Palavra de Deus, encontremos os caminhos da vida dos cristãos hoje, neste início de milênio, que, diante da atual mudança de época, respondamos com uma vida nova, haurida nas escrituras sagradas, que nos comunicam a Palavra eterna, o Verbo eterno, Jesus Cristo, nosso Senhor!
Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro
REQUISITOS E DISPOSIÇÕES PARA A “LECTIO DIVINA”

Um ambiente favorável
O clima propício para a “Lectio Divina” deve estar integrado de paz exterior e interior, sobretudo interior, de caridade fraterna; sem caridade não há paz verdadeira, de silêncio, de tempo livre... Sobre o silêncio, tão necessário para escutar,  “Calamo-nos antes de escutar, porque nossos pensamentos estão dirigidos para a mensagem, como um filho que se cala no momento de entrar no quarto de seu pai. Calamo-nos depois de ter escutado a Palavra de Deus, porque ela ressoa, viva, e quer habitar em nós”.

Pureza de coração
Mas é claro que não bastam um ambiente propício, uma preparação, uma formação idônea do tipo intelectual. Cassiano, grande mestre dos monges, não se cansa de repetir que a ciência humana, o estudo dos comentaristas da Bíblia, de pouco ou de nada serve para alcançar a “inteligência espiritual” da Escritura que alimenta o “homem interior”, a vida de união com Deus. Mas o que se necessita antes de tudo e sobretudo é a pureza do coração.

“Se desejais chegar à luz da ciência espiritual... inflamai antes todo desejo da bem aventurança que diz: ‘Bem-aventurados os corações puros, porque verão a Deus!’ (Mt 5,8). Somente depois de extirpar os vícios e adquirir a humildade, será penetrar até o coração das palavras celestes e contemplar com o olhar puro da alma os mistérios mais profundos e escondidos.

‘Não estamos na ciência humana, nem na cultura dos homens, mas tão somente na pureza da alma, iluminada pela luz do Espírito Santo’. Deste modo, à medida que vamos progredindo na purificação interior e na leitura humilde e assídua, nosso espírito vai-se renovando e nos parecerá que a Sagrada Escritura começa a falar para nós. Comunica-nos uma compreensão mais funda e misteriosa, cuja beleza vai aumentando em razão direta de nosso progresso. O texto isnpirado acomoda-se na capacidade receptiva da inteligência humana”.

Por isso, aos homens carnais a Escritura parece coisa terrena, aos espirituais, coisa celestial e divina. E aqueles que vinham antes envolvidos em espessas trevas são agora capazes de sondar sua profundidade e sustentar seu fulgor com o olhar” (Conl. 14,11).

Desprendimento e docilidade
Outras disposições fundamentais para encontrarmos a Deus que nos espera na Escritura são a sensibilidade, o desprendimento, a docilidade e a entrega. O Cardeal Eduardo F. Pironio escreve: “A palavra de Deus é simples. Temos de penetrá-la com alma de pobre e coração contemplativo. Somente assim nasce em nós o gosto da sabedoria. Assim sucedeu em Maria, a virgem pobre e contemplativa, que recebeu em silêncio a Palavra, a realização na obediência da fé” (Lc 11,27). Infelizmente, “às vezes nós complicamos o Evangelho e assim não entendemos a claridade e a força de suas exigências. Possivelmente olhamos o Evangelho a partir de nós mesmos”. Mas a palavra de Deus transcende nossa realidade e tem-se de entrar nela a partir da profundidade do espírito: “penetra tudo, mesmo as profundezas de Deus” (1Cor 2,10).

O desprendimento (desapego, desinteresse) deve liberar-nos, como disse A. Southey, do “desejo ansioso dos resultados”. Pois não se deve ir em busca de sentimentos, de experiências, de idéias bonitas para comunicar aos demais... A “Lectio Divina” é um trabalho de larga duração, que leva a uma profundidade incessante, mas normalmente imperceptível, de nossa intimidade com Deus.

Devemos acorre à Bíblia não para o que ela pode extrair de nós, mas para o que podemos extrair dela. Isto é muito importante. Para que a leitura de Deus seja autêntica, é preciso ir a ela com espírito de entrega de perfeita disponibilidade ao que o Senhor vai pedir-nos.

Segundo São Gregório Magno, exímio mestre da “Lectio Divina”, saber ler a Escritura pode converter-se em uma definição do cristão à medida que esta leitura seja existencial e não somente um exercício superficial da inteligência. “Como estão os bons criados sempre atentos aos olhos de seus senhores para executar sem demora o que ordenam, assim também o espírito dos justos permanecerá atento à presença de Deus Todo-Poderoso. Fixando os olhos na Escritura como se se tratasse de sua boca. Porque, como na Escritura, Deus expressa sua vontade; quanto mais a conhece através de sua Palavra, tanto menos se aparta dela. Não ressoe em seus ouvidos sem deixar marcas, sem que se grave em seus corações” (Mor 16,35,43).

Um dos segredos da santidade de Santa Teresinha do Menino Jesus, talvez o principal, era sua plena aceitação da Palavra de Deus para realizá-la e vivê-la. Jamais tentou acomodá-la a seu caminho, mas acomodou seu caminho à Palavra de Deus, de um modo total e absoluto.

A “Lectio Divina” exige entrega sincera, “puritatis devotio”, de quem a pratica. Supõe-se que o leitor “se abandone em Deus, que ele está falando e lhe concede uma relação de coração”, segundo a bela expressão dos padres da companhia de Jesus reunidos em suas 31 congregações gerais.

Espírito de oração
Devemos buscar a Escritura não para entreter-nos, nem para estudar, senão para subir ao altar de Deus, com grandes preparativos de alma e corpo. Deus no-la oferece para que leiamos em seu coração, chama-nos a sua intimidade. Mas este contato com Deus não pode efetuar-se senão em um clima de fé viva e, como escreve A. Southey, “requer que nós nos preparemos com uma atitude de desejo humilde, numa atitude de oração”.

Os Padres têm firmado um princípio fundamental: compreender a Escritura é um dom de Deus. São Gregório Magno, por exemplo, diz que “a Palavra de Deus não pode penetrar sem sua sabedoria, e o que não recebeu seu Santo Espírito não pode de modo algum entender sua Palavra” (Mor 18,39,60). Marcos Ermitaño ensina que “o Evangelho está fechado para os esforços do homem; bri-lo é um dom de Cristo”. Por isso São João Crisóstomo orava diante da Bíblia: “Senhor Jesus Cristo, abre os olhos de meu coração..., ilumina meus olhos com tua luz..., tu somente és a única luz”.

Antes de toda leitura, suplique a Deus para que se revele a ti. Sim, a leitura divina é um dom da graça, tem de suplicar ao Senhor da graça que no-lo conceda. Somente a oração humilde, sincera, amorosa, pode pograr que o que dizem as Escrituras nos abra seu sentido profundo.


FRUTOS DA “LECTIO DIVINA”
Muitos e muito saborosos são os frutos da “Lectio Divina”. Segundo São Bento, conduz-nos à perfeição; segundo São Bernardo, infunde-nos sabedoria; segundo São Ferreolo, cria o fervor espiritual; segundo Bernardo Ayglier, dissipa a cegueira da mente, ilumina o entendimento, sana a debilidade do espírito, sacia a fome da alma, produz a compunção (contrição) do coração... A lista, sem dúvida alguma, poderia alargar-se facilmente. Veremos somente alguns dos frutos.

4.1. Uma mentalidade bíblica
Pode-se dizer, em primeiro lugar, que o contato pessoal, assíduo e profundo com a Palavra Deus cria no leitor o que se tem chamado uma “mentalidade bíblica”. As idéias, as expressões, as imagens da Escritura se convertem cada vez mais em seu patrimônio espiritual. Sua fé nutre-se das verdades da Bíblia; sua vida moral ajusta-se aos preceitos, diretrizes e modelos contidos na Bíblia; suas idéias e imaginações, tantas vezes inúteis e perigosas, são substituídas com grande vantagem pelas idéias e imagens da Bíblia, pelas imagens de Deus, de Jesus, dos amigos de Deus; acostuma-se a pensar naturalmente nas realidades da salvação, eleva-se com facilidade a elas. Pensa e fala com a Bíblia e como a Bíblia. A imitação de Cristo acha na Bíblia um arsenal para vencer a tentação. A Bíblia passa a formar parte integrante de sua personalidade, ou melhor dizendo, esta termina por ser transformada pela leitura da Bíblia.

4.2. Uma total renovação
A “Lectio” transforma-nos radicalmente. Que a “Lectio” representa na vida espiritual um papel purificador é uma afirmação constante dos Padres e autores monásticos. Que a Bíblia nos ajuda eficazmente a prosseguir com esperança o combate espiritual é o que afirma o próprio São Paulo: “Ora tudo quanto outrora foi escrito foi para a nossa instrução, a fim de que, pela perseverança e pela consolação que dão as Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15,4). A este propósito escrevia São Basílio de Cesárea: “Como tens o consolo da Sagrada Escritura, não terás necessidade de mim nem de nada para estimular o justo, pois basta-te possuir o consolo do Espírito Santo que é o teu guia para o bem” (Ep 283). A “Lectio”, com efeito, edifica, constrói a alma, porque o homem é o que lê. O “homem novo”, que nos empenhamos em ser no batismo, chega, assim, à maturidade.

Todos os que fascinados pela Palavra de Deus, entram na escola desta Palavra e perseveram nela, realizam o famoso tema de Orígenes: “Não podes oferecer a Deus algo de tua mente ou de tua palavra, se primeiro não concebes em teu coração o que foi escrito” (Hom. 13 In Ex., 3). Que quer dizer com isto Palavra? Que para ser interlocutores válidos de Deus é necessário que a Escritura esteja enraizada em nós, que a Escritura se tenha convertido em nossa própria substância, ou mesmo o que Cristo, Palavra de Deus, se tenha formado em nós. Não é esta a verdadeira meta da leitura divina como todo o conjunto de elementos que integram a vida cristã? Conceber a Palavra de Deus no coração!” A palavra salvadora, acolhida nas devidas condições, forma Cristo em nós, faz-nos, de verdade, cristãos.

4.3. Uma piedade objetiva
A “Lectio Divina” confere à piedade um caráter objetivo. Longe de basear-se em imaginações e sentimentalismos inconsistentes, edifica-se sobre acontecimentos, modelos e mistérios reais com que o cristão procura identificar-se. Centra-se em Deus, ou mais exatamente, em Cristo e na Santíssima Trindade.

4.4. Uma vida de Oração
A leitura divina favorece e vivifica a vida de oração. A interpretação das coisas visíveis e invisíveis, da vida e da história humana, “do ponto de vista de Deus”, que procura na leitura da Bíblia o conhecimento do desígnio que consiste no desejo de comunicar-se ao homem,unir-se a ele, prolongar até ele a comunicação da vida que constitui o mistério íntimo de Deus, produz na alma uma grande paz. O leitor crente e assíduo das Escrituras sabe, com certeza inquebrantável, que alguém pensa nele, que alguém sai ao seu encontro, que alguém está com ele. Sua alma sente-se fortalecida como a presença de um Amigo. Tudo isto fomenta uma vida de união conciente, intensa com Deus.

4.5. Uma experiência de Deus
A “Lecito Divina’, praticada com fidelidade, produz a experiência de Deus. Experiência significa “a graça da oração íntima”, o “afeto da divina graça” de que fala São Bento, o saborear as realidades divinas, como ensina constantemente a tradição patrística. É certo sentimento de estar unido a Deus por meio de Cristo na oração.

A oração viva e verdadeira, que brota no contato com a Palavra de Deus, é um de seus maiores frutos. O diálogo, a união com Deus, que é verdadeiramente divina e humana. Deus, falando em nossa alma, no modo humano, nos tem buscando e nós o temos encontrado; e, ao encontrarmos Deus, nós o temos encontrado no mistério de sua Palavra.

4.6. Uma grande felicidade
O salmo 1 nos diz claramente:
“Feliz o homem quenão procede conforme o conselho dos ímpios, Não trilha o caminho dos pecadores, nem se assenta entre os escarnecedores; Feliz aquele que se compraz no serviço do Senhor e medita sua lei dia e noite”.

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