Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Quilombolas e JMJ recebem destaque em coletiva na Assembleia dos Bispos


A Jornada Mundial da Juventude e os povos quilombolas foram pauta para os jornalistas que participaram da coletiva de imprensa desta quarta-feira, 17 de abril, durante a 51ª Assembleia Geral da CNBB.
Atenderam a imprensa Dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro (RJ); Dom Eduardo Pinheiro, bispo auxiliar de Campo Grande (MS) e Dom Pedro Cunha Cruz, bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ).
O Porta voz da Assembleia, Dom Dimas Lara Barbosa destacou que entre as atividades de hoje na Assembleia foram discutidos assuntos relacionados aos povos indígenas, Sínodo dos Bispos, Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e a possibilidade de uma coleta especial para ajudar nos custos da JMJ.
Dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro (RJ) apresentou aos jornalistas as últimas informações de organização da Jornada Mundial da Juventude.
“O Rio de Janeiro já tem vocação em sediar grandes eventos e a JMJ é um serviço prestado a sociedade e a juventude do mundo”, afirmou.
O Arcebispo ressaltou também que está será a primeira visita internacional do Papa Francisco para falar com os jovens, 26 anos após a primeira JMJ da América Latina, que aconteceu na Argentina.
“O Rio de Janeiro tem características próprias e estamos trabalhando em conjuntos com o Estado no que se diz respeito a transporte e segurança. Ressalto também que as inscrições ainda estão abertas e continuamos a animar as pessoas para acolher a juventude em suas casas”.
Dom Orani citou ainda que a JMJ terá eventos culturais como exposições, apresentações, cinema entre outros.
“A JMJ é feita para os jovens e pelos jovens e desta forma a Igreja está olhando e investindo em pessoas para o futuro da humanidade, este é o grande diferencial da jornada”.
Ainda sobre a JMJ, dom Eduardo Pinheiro, bispo auxiliar de Capo Grande (MS) e referencial a juventude, falou sobre a dedicação da Igreja a juventude.
“A Igreja no Brasil tem um carinho muito grande com a juventude e neste ano, em especial, foi ainda mais valorizada com a Campanha da Fraternidade”, afirmou.
Para dom Eduardo a Campanha da Fraternidade visa atingir as estruturas da Igreja e o mundo adulto, que precisa valorizar os jovens.
O bispo citou ainda a peregrinação dos ícones da JMJ que percorrem todo o Brasil, sendo um momento muito importante e particular de reunir os jovens nas dioceses.
Situação dos povos quilombolas
Dom Pedro Cunha Cruz, bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) abordou as questões referentes ao povo quilombola e o Documento Verde.
“Nosso objetivo é tornar publico as violações dos direitos humanos sofridas por estes grupos ao longo dos anos”, afirmou.
O bispo manifestou preocupação com Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 215 foi aprovada em março do ano passado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados e significou um retrocesso às garantias e direitos constitucionais dos povos indígenas.
“A Igreja se coloca solidaria no que se diz respeito a dignidade cultural destes povos e a especulação feita pelos grandes grupos financeiros”, finalizou.
“A questão da moradia é universal e inviolável”, diz dom Pedro Cunha sobre os povos quilombolas 
Foi aprovado pelo plenário da 51ª Assembleia Geral da CNBB o texto de estudos sobre os povos quilombolas. Esse material, que será publicado na série verde de estudos da CNBB afirma a compreensão de que evangelizar significa também apoiar as reivindicações por políticas de enfrentamento ao racismo e à discriminação. De acordo com Dom Pedro Cunha Cruz, bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ), este tema trata da própria historicidade da Igreja no Brasil e das comunidades quilombolas.
“O objetivo do documento é tornar pública as violações dos direitos sofridas por essas comunidades, que ainda hoje lutam pela titulação de suas terras”, explica dom Pedro. De acordo com ele, o desejo dos bispos é dar força à voz da comunidades quilombolas, especialmente no reconhecimento de sua identidade cultural e étnica, na demarcação de suas terras e preservação de sua cultura. “A luta e a resistência não é pequena diante das constantes violações e invasões que elas sofrem em suas terras. Muitas vezes, o Incra e outras instancias estaduais não cumprem o seu papel”, afirmou.
Sintetizando o propósito do texto de estudos, o desejo dos bispos é “sensibilizar as autoridades e a sociedade sobre essa questão, e de poder também lutar juntamente com eles pela titulação e homologação da terra”. Dom Pedro lembrou também que muitas dessas comunidades quilombolas vivem apenas de roça de subsistência.
O bispo também destacou a importância da presença da Igreja junto a estas comunidades. “O Papa emérito Bento XVI, ao se despedir de maneira pública de seu ministério, disse que a Igreja é um organismo vivo. Portanto, sua palavra e ação ecoam por todos os cantos. A Igreja coloca a mão onde ninguém quer tocar. Ela vai às periferias. Nós consideramos que a questão da terra e da moradia são direitos universais e invioláveis. Não podemos fazer com que essas comunidades sejam também destinatários de nossa missão evangelizadora? Portanto, consideramos os valores desta e de qualquer cultura. Não são grupos folclóricos. São pessoas que tem seus valores, e que devem ser preservados. E nós evangelizamos a partir desses valores positivos”.
Bispos lembram a luta e causa dos afrodescendentes 
O compromisso com a promoção e a dignidade dos afrodescendentes foram colocados sob o Altar na Santa Missa desta quarta-feira, 17 de abril, durante a 51ª Assembleia Geral da CNBB, no Santuário Nacional.
A Celebração Eucarística foi presidida pelo bispo de São Mateus (ES), Dom Zanoni Demettino de Castro.
No início da missa, o bispo da Diocese de Guarapuava (PR), Dom Antônio Wagner da Silva leu uma mensagem fazendo memória aos 125 anos da Leia Áurea, do fim de uma luta e inicio de outra em busca dos direitos da negritude.
De acordo com Dom Antônio Wagner, atualmente existe mais de 30 bispos afrodescendentes entre o episcopado brasileiro.
Em sua homilia, dom Zanoni Demettino destacou as batalhas do povo negro na história, o sofrimento durante o período da escravidão e as suas lutas atuais.
“No primeiro momento do dia, nos reunidos no Santuário da mãe negra, Nossa Senhora Aparecida, oferecendo no altar do Pai as alegrias e dores do povo negro. Somos descendentes daquele povo que foi arrancado de suas terras, um povo que constitui as nossas raízes e ao Senhor confiamos o seu cuidado”, afirmou.
Dom Zanoni ainda ressaltou que embora vivamos em um tempo novo ainda precisamos lutar pela causa dos afrodescendentes e pela Pastoral Afro-Brasileira.
O bispo de São Mateus destacou as palavras de Jesus no Evangelho de hoje em que diz ‘Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede. Eu, porém, vos disse que vós me vistes, mas não acreditais. Todos os que o Pai me confia virão a mim, e quando vierem, não os afastarei’.
“Jesus é o pão da vida, aquele que desceu do céu para fazer a vontade do Pai. Que não se percam nenhum daqueles que lhe foram confiados”.
Dom Zanoni afirmou também que em sua diocese, São Mateus no Espírito Santo, existem 32 comunidades quilombolas.
O bispo lembrou entre tantas lutas, a Batalha do Cricaré, um dos mais sangrentos massacres promovido pelos portugueses contra índios Tapuias. Aconteceu no Rio São Mateus, também conhecido como Cricaré, atualmente município de São Mateus, onde é bispo diocesano.
“Esse infeliz episódio é narrado pelo beato José de Anchieta, que fundou a cidade de São Mateus”, destacou.
“Agradeço a Deus, colocando no seu Altar a vida tantos irmãos e irmãs afrodescendentes que testemunharam em sua vida a fé que receberam. As consequências dos 300 anos de escravidão ainda não foram reparados. Ainda nos nosso dias convivemos com a discriminação no trabalho, na escola, nas relações cotidianas”, acrescentou.
“Peçamos a Deus, com a intercessão da soberana Mãe de Deus, a Senhora Aparecida, pelo compromisso com o povo negro”, concluiu.

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