Enquanto as cidades vão tomando ares de espera natalina, e no momento em que inauguramos pelas ruas de nossa capital o “circuito dos presépios” para que recordemos o importante fato que celebramos no Natal, uma companhia no Advento sempre se torna presente: Maria! Além dos textos da liturgia própria deste tempo, temos também algumas solenidades marianas marcantes.
Uma delas é a Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Bem no coração do Advento, no dia 8 de dezembro, rendemos louvores a Deus pela pureza da Virgem Maria, aurora da salvação. «Puríssima, na verdade, devia ser a Virgem que nos daria o Salvador, o Cordeiro sem mancha, que tira nossos pecados» (Missal Romano). Preparando-nos para o Santo Natal, devemos reconhecer que Deus, em seu amor e liberalidade, olhou com carinho para Maria, escolhendo-a e preparando-a para ser a mãe de seu Filho, dispensando-lhe graças especiais. O anjo a saudou como «cheia de graça» (Lc 1,28).
É verdade de fé, proclamada e definida pelo bem-aventurado Pio IX, em 1854, «que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha do pecado original; essa doutrina foi revelada por Deus, e por isto deve ser crida firme e inviolavelmente por todos os fiéis» (Bula Ineffabilis Deus).
Com efeito, Maria foi também redimida pela graça de Cristo, como todo ser humano. Entretanto, o modo pelo qual Maria foi redimida é todo especial, porque Deus a preservou de contrair a mancha do pecado original desde o primeiro instante de sua concepção. Deus a redimiu em vista dos méritos de Cristo. É o que expressa o Concílio Vaticano II com estas palavras: «Em vista dos méritos de seu Filho foi redimida de um modo mais sublime…» (Lumen gentium, 52).
Com efeito, Maria foi também redimida pela graça de Cristo, como todo ser humano. Entretanto, o modo pelo qual Maria foi redimida é todo especial, porque Deus a preservou de contrair a mancha do pecado original desde o primeiro instante de sua concepção. Deus a redimiu em vista dos méritos de Cristo. É o que expressa o Concílio Vaticano II com estas palavras: «Em vista dos méritos de seu Filho foi redimida de um modo mais sublime…» (Lumen gentium, 52).
Nossa Senhora, desde o seu primeiro instante de vida, é toda bela («tota pulchra»), é toda voltada para Deus! Nós, muitas vezes, clamamos com São Paulo: «Não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero» (Rm 7,19). Essa dilaceração não tomou conta do coração da Virgem porque, «já bem antes da aurora, o Senhor veio ajudá-la» (Sl 45,6). A vida de Maria foi totalmente íntegra e o seu coração pôde amar sempre a Deus sem divisões nem distrações. Ela soube corresponder à especial graça que lhe fora concedida, de modo que a existência da humilde mulher de Nazaré foi sempre «sim» para Deus e, em Deus, «sim» para os outros. Ela realizou em sua vida aquilo a que todo homem é chamado – ser para Deus e para o irmão.
A escolha de Deus tem sua razão de ser: Maria foi preservada de todo o pecado a fim de que se apresentasse como «a santa morada do Altíssimo» (Sl 45,5). Mas podemos dizer mais: Deus quis iniciar uma nova história e realizar uma nova criação. Na linguagem de São Paulo, Deus quis «recapitular tudo em Cristo» (Ef 1,10). E, assim como uma mulher foi solidária com o primeiro Adão no início da história do pecado, o plano divino dispôs que, no reinício da história, estivesse presente, ao lado do novo Adão, Cristo, a nova Eva, Maria.
A Imaculada Conceição de Maria integra, desse modo, a «recapitulação» ou o novo início da história em Cristo. Todos nós somos chamados a fazer parte dessa nova história, história de graça e de santidade, de misericórdia, amor e perdão, de justiça e de paz. Maria Santíssima é inspiração e ajuda para nós. Ela é toda de Deus e, por isso, toda dos filhos de Deus.
Nós, enquanto aqui caminhamos, com a graça que Deus nos concede, somos chamados a lutar para vencer o pecado em nós e inserir-nos na nova história inaugurada pelo novo Adão, que teve sempre a seu lado a nova Eva. A graça divina quer nos retirar da velha vida e revestir-nos da nova. Por isso exorta o Apóstolo: «Precisais renovar-vos, pela transformação espiritual de vossa mente, e vestir-vos do homem novo, criado à imagem de Deus, na verdadeira justiça e santidade» (Ef 4,23-24).
Nós, enquanto aqui caminhamos, com a graça que Deus nos concede, somos chamados a lutar para vencer o pecado em nós e inserir-nos na nova história inaugurada pelo novo Adão, que teve sempre a seu lado a nova Eva. A graça divina quer nos retirar da velha vida e revestir-nos da nova. Por isso exorta o Apóstolo: «Precisais renovar-vos, pela transformação espiritual de vossa mente, e vestir-vos do homem novo, criado à imagem de Deus, na verdadeira justiça e santidade» (Ef 4,23-24).
Que o tempo do Advento seja-nos propício, a fim de reconhecermos as maravilhas que Deus fez em sua serva, maravilhas que deseja fazer também em cada um de nós. Aliás, é bem isso que a Igreja nos recorda sempre: aquilo que se diz de Maria, se diz da Igreja e vice-versa: “ela é o tipo da Igreja na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo” (LG 63).
Esperando com Maria, desejo que a celebração do Natal, na liturgia e na vida, transforme o nosso coração e renove a nossa vida. Ao dizer sim como a mãe de Jesus, poderemos ser membros ativos da nova criação e da nova história desejada por Deus.
Esperando com Maria, desejo que a celebração do Natal, na liturgia e na vida, transforme o nosso coração e renove a nossa vida. Ao dizer sim como a mãe de Jesus, poderemos ser membros ativos da nova criação e da nova história desejada por Deus.
Que o Ano Sacerdotal ajude os presbíteros a serem pastores conforme o coração de Jesus, pastores que, sob o único Pastor, conduzam o povo de Deus às pastagens verdejantes do Reino da santidade e da graça, cuja luz resplendeu radiante em Maria Santíssima. Que todo o nosso povo, vivenciado o tempo do Advento possa, ao modo de Maria, meditar os acontecimentos e as graças de Deus, conservando tudo em seus corações (cfr. Lc 2, 41-51).
E que ao vermos o espírito de Natal ocorra em nós as preocupações com os mais pobres, com os sinais em nossas casas e, contemplando os presépios pelas ruas e praças de nossa cidade, os corações se abram para continuamente encontrarmos a cada dia Aquele que veio a nós por Maria, a Imaculada Conceição e Senhora de Guadalupe.
D. Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ