Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Liturgia do 5º Domingo do Tempo Comum

                                                                    
“Entrai, inclinai-vos e prostrai-vos: adoremos o Senhor que nos criou, pois ele é o nosso Deus” (Sl 94,6s).
Certa ocasião, ouvi de um teólogo-poeta que “a vida é um serviço de mercenário”, numa referência a Jo 7,1. Todos aqueles que trabalham nas lidas rurais acordam cansados e seguem mais cansados ainda para o trabalho, e retornam da longa jornada tão desanimados que não têm ânimo para dormir. Que o Senhor da Vida lh’os dê um pouco de paz e de concórdia e sossego...

Hoje a Liturgia nos convida a refletir sobre o poder sobre a doença. No Novo Testamento, não há uma explicação teórica para o sofrimento. Jesus surpreende convocando os homens para assumir o sofrimento, tratando-se de uma grande inovação. Por isso, a Primeira Leitura(Jó 7,1-4.6-7) convida a nos aproximarmos do Mistério de Deus, aproximando-se do homem. Jó foi fortemente provado por Deus. Seus amigos não o conseguem consolar. Ensinam-lhe a ver no seu sofrimento o castigo de Deus. Mas, para Jó, o sofrimento permanece um mistério.Com amargura, Jó considera sua vida, e só consegue pedir que a aflição não seja forte demais e Deus lhe dê um pouco de sossego. O Antigo Testamento não tinha uma resposta para o problema do sofrimento. A resposta este em Jesus Cristo, que assume o sofrimento até o fim.

Em Jesus Cristo, tal como é apresentado pelo Evangelista Marcos(Mc 1,29-39), o mistério se revela, paulatinamente, sob o véu do “segredo” de Jesus, que marca este Evangelho. No início, Jesus assume o sofrimento, curando-o. Trata-se de um sinal. Por isso, no final, o Divino Mestre assumirá o sofrimento, sofrendo-o. Aí, sua compaixão se torna realmente universal. Supera de longe o que aparece no livro de Jó. Jesus nos mostra que Deus conhece o sofrimento do homem por dentro.
Meus irmãos,

Jesus entra de cheio em sua vida pública. Passa da sinagoga à praça e às estradas. Assume a sua missão salvadora: devo pregar o Evangelho. Vários são os simbolismos da liturgia de hoje: o serviço, a compaixão, a misericórdia, a pregação, o combate do mal, o cultivo da oração, a universalidade da salvação e a fidelidade ao compromisso. Poderíamos resumir a liturgia de hoje em três aspectos fundamentais na vida do cristão: a pregação da Palavra de Deus, a ajuda física e espiritual às pessoas e a oração.

Isso é a missão que deveremos desempenhar nesta semana e levar como ideal de nossa vida de cristãos, ou seja, de seguidores de Jesus Cristo. O entusiasmo é necessário, como é necessária para a fé a admiração. Do entusiasmo todos devemos partir para a vida pastoral, para o empenho missionário-evangelizador.

A caridade deve começar em casa. A cura da sogra de São Pedro não é certamente um milagre espetacular. São Marcos é bem sóbrio ao narrar o episódio, mas não deixa de subentendê-lo riquíssimo de sentido. Antes de mais nada, o relato mostra um Jesus amigo, carinhoso, afável. E nos passa hoje a lição de que a caridade começa em casa.

“Aproximando-se dela, tomou-a pela mão e a levantou da cama” (Mc 1,31). Marcos entende a doença e a morte como a manifestação do império do demônio e qualquer cura significa uma vitória sobre as forças do mal. A doença e a morte são vencidas pelo mesmo poder divino. Aquele que tem força para nos curar tem, também, força para nos ressuscitar.

A mulher do Evangelho, numa atualização para os nossos dias, pode ser considerada toda a assembléia. Ela, hoje, somos todos nós. Enfraquecidos pelo pecado, cercados de maldade, abraçados pela morte, somos nós que cantamos com o salmista de hoje: “Curai-nos, Senhor, Deus da vida!”. E o Senhor nos toma pela mão. A mão do Senhor nos cura no corpo e na alma. Jesus redentor é sinônimo de Jesus libertador. Jesus não liberta apenas o corpo ou apenas a alma. A criatura humana redimida e salva por Jesus é pessoa, isto é, corpo e alma inseparáveis.

Outro milagre é evidenciado: “E ela pôs-se a servi-los”. Na medida em que somos curados, libertados por Jesus, somos convidados e conclamados ao serviço da caridade, ao serviço do Reino. Quem nos ensina isso é o próprio Senhor: “Não vim para ser servido, mas para servir”. O serviço é a característica fundamental do seguimento de Cristo. Quem adere a Cristo encontra a cura de seus males, mas para pode servir aos irmãos e irmãs. O serviço fraterno, expressão de amor, construtor de comunidade é um serviço em benefício dos irmãos e irmãs.

Todos somos conclamados a misturar pregação, oração e serviço evangelizador. Na pessoa de Jesus personifica-se a misericórdia de Deus, consolando o povo, como descrevera Isaías e se expressa toda a bondade de Jesus, assumindo sobre si as dores e as enfermidades de todos. Importante notar como Jesus faz o bem, presta a todos o serviço da cura e não espera aplausos, agradecimentos e recompensas. Jesus não busca aplausos como os demais homens. Na vida prática não se separam as dimensões para dentro (deserto), para o alto (oração) e para fora (serviço).
Irmãos caríssimos,

Paulo nos ensina que nem sempre precisamos fazer uso de nossos direitos. Paulo anuncia o Evangelho de graça, para que ninguém possa suspeitar de motivos ambíguos. Por isso, somos convidados a fazer do irmão mais fraco na fé o irmão preferencial, relembrando que a gratuidade é a base do Evangelho e do seguimento de Cristo.

A Segunda Leitura(1Cor 9,16-19.22-23) nos ensina que a gratificação de nosso apostolado consiste no prazer de pregar o Evangelho de graça, pois o que importa é que ele penetre nos corações.

Evangelizar é um serviço precioso. Por isso, evangelizar é uma necessidade diante da força do mal. Derrotando o pecado e aderindo a Cristo, alcançamos a salvação. Essa é a mensagem de hoje: rezar, estar em Deus, com a ação dentro da nova evangelização pelo serviço pastoral. Assim seja!

Pe. Wagner Augusto Portugal

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